SOLOBIOMA

O projeto integra o Programa de Cooperação Brasil-Alemanha “Ciência e Tecnologia para a Mata Atlântica”, dando continuidade ao projeto 01LB 0201 (BMBF-DLR/PT) / 690148/01-1 (MCT-ASCIN/CNPq).

O projeto pode ser considerado um estudo com enfoque integrado, com o intuito de avaliar o funcionamento dos ecossistemas florestais e sua biodiversidade para o desenvolvimento sustentável da Mata Atlântica na região Sul do Brasil.

O Programa Mata Atlântica possibilitou um projeto de cooperação que permitiu integrar os conhecimentos em dinâmica biogeoquímica com aqueles em diversidade e função da biota do solo. Os resultados dos estudos zoológicos vão, primeiramente, contribuir para o conhecimento da biodiversidade da Mata Atlântica uma vez que formigas, besouros, aranhas e minhocas estão entre os mais ricos grupos dos invertebrados. Dada à aptidão, ao menos para algumas espécies, combinações de espécies ou guildas desses taxa, para servir como indicadores das condições ambientais em florestas secundárias, o desenvolvimento de um sistema de classificação seria de grande importância como base para o planejamento regional. Para a avaliação de valores indicadores e da aplicabilidade de tal sistema, os estudos funcionais e o monitoramento das variáveis biológicas, da vegetação, e da dinâmica biogeoquímica, em diferentes fases sucessionais fornecem uma base indispensável e ajuda a entender a auto-sustentabilidade florestal. O monitoramento biogeoquímico por si só é de grande relevância porque nenhum outro estudo foi feito em mesmo nível de detalhamento e duração em ecossistemas da Floresta Atlântica. O monitoramento da biodiversidade do solo e o desenvolvimento de um sistema indicador baseado na biodiversidade do solo são, de forma geral, de elevado interesse para a comunidade científica internacional, especialmente - no contexto dos esforços internacionais associados à Convenção da Diversidade Biológica e ao Protocolo de Kyoto.


Segmentos da sociedade interessados na solução do(s) problema(s) abordado(s):
Comunidade científica internacional;
Tomadores de decisão em questões ambientais, como organizações governamentais, não governamentais, tanto em nível nacional quanto internacional;
Conservacionistas e outras organizações não governamentais;
População rural, como proprietários de terra e agricultures, população urbana da região, através da conservação dos recursos naturais.

..:: Potenciais contribuições do projeto de pesquisa e seu impacto sócio-econômico

 O projeto deve contribuir consideravelmente para a base científica de qualquer estratégia de desenvolvimento sustentável na região de estudo. Com base nos resultados, a quantidade de biodiversidade encontrada nas florestas do litoral paranaense e o potencial de perda de biodiversidade pela alteração antrópica do meio ambiente poderão ser estimados, pelo menos para importantes grupos de invertebrados. O trabalho taxonômico feito no projeto, ou por outros grupos de trabalho encorajados pelo material valoroso amostrado pelo projeto, irá possibilitar a identificação de animais para futuros estudos, assim como irão as coleções científicas montadas em várias instituições brasileiras (MCZ, Museu Capão da Imbuia, IBSP, UFPR, USP) montadas com material do projeto. O material identificado servirá como coleção de referência às comunidades taxonômicas brasileira e internacional, assim como os dados servirão para comparação com outras pesquisas de fauna de solo na Mata Atlântica do Sul do Brasil. A abrangente caracterização da vegetação e da dinâmica de nutrientes das florestas secundárias irão contribuir para uma melhor compreensão das consequências funcionais dos impactos antrópicos na região de estudo. O monitoramento, ao longo prazo, da floresta de Restinga (uma das mais ameaçadas de extinção na Mata Atlântica) e, ao médio prazo, das florestas submontanas, tem gerado conhecimento importante para a avaliação dos processos de regeneração e da auto-sustentabilidade das florestas secundárias.

A exploração de recursos naturais é uma fonte chave de receita complementar, em comunidades tradicionais e para pequenos produtores rurais e proprietários de terra, que tem grande importância neste contexto. Assim, esforços são necessários para proteger as populações remanescentes de Euterpe edulis. A análise da estrutura ilegal da indústria de coleta de palmito mostra que, para evitar a extinção total de E. edulis, é necessária a criação de incentivos para pequenos proprietários de terra, para explorar as palmeiras de maneira controlada/manejada, em combinação com o desenvolvimento de vias alternativas de “marketing” para a região, como por exemplo a criação de “selo verde” para as palmeiras manejadas adequadamente. Uma possibilidade nesta direção seria o replantio e o manejo controlado de E. edulis nas florestas, em substituição às palmeiras cortadas, estratégia já planejada pela SPVS. Adicional atenção deveria ser dada ao estabelecimento de sistemas agroflorestais, nos quais esta palmeira ameaçada seria introduzida para produção sustentável. Esforços neste sentido já iniciaram-se na região de Guaraqueçaba, onde pequenos proprietários de terra já plantam E. edulis juntamente com bananeiras.

A mobilização da população local, por meio da conscientização sobre a necessidade de preservar o meio ambiente, pode ser alcançada à longo prazo, por meio do trabalho de educação ambiental da SPVS, para a qual o projeto contribuirá também aproveitando a experiência do SMNK na área de trabalho educacional.

..:: Objetivos gerais
O projeto tem por objetivo a compreensão do funcionamento do ecossistema e de sua alteração pelo impacto antrópico sobre florestas da Mata Atlântica no estado do Paraná, Brasil. Adicionalmente almeja-se o desenvolvimento de um sistema regional de classificação biológica para hábitats secundários. Valoriza-se a disponibilização dos resultados dos estudos para a comunidade interessada por meio das mais diversas medidas de difusão dos mesmos, entre outras por meio de parcerias estratégicas.

Para alcançar estes objetivos, o projeto está focado nos estudos de diversidade e funcionamento de florestas secundárias com diferentes idades e também de ambientes sob diferentes níveis de impacto antrópico na Mata Atlântica, no estado do Paraná, região sul do Brasil. Os estudos de fauna de solo estão centrados nos decompositores, como microrganismos e fungos, enquitreídeos e nematóides; nos “engenheiros do ecossistema” como minhocas e formigas; e também nos grupos de detritívoros e polífagos como besouros e formigas (em parte) e nos grupos de predadores da cadeia alimentar, como aranhas e formigas (em parte)

..:: Metas

As metas gerais nesta abordagem ecossistêmica são:

(i) monitorar o funcionamento do ecossistema e serviços, em termos de deposição de fitomassa e decomposição, ciclagem de nutrientes e sucessão florestal, incluindo botânica, micologia e microbiologia em nivel funcional (crescimento de árvores, biomassa e atividade microbiana);

(ii) avaliar a diversidade da biota do solo em diferentes hábitats, estimar a magnitude da riqueza e da perda de espécies e mudanças na estrutura da comunidade, causadas pela alteração antrópica do meio ambiente;

(iii) desenvolver um sistema de classificação biológico para indicar a qualidade de florestas secundárias na Mata Atlântica do Sul do Brasil como hábitat para espécies autóctonas (invertebrados do solo). A investigação é considerada um estudo de caso para todo o bioma.

O projeto contribui também para o melhor entendimento do papel da biota do solo em termos de contribuição ao funcionamento do ecossistema e serviços ao ecossistema, como por exemplo decomposição, ciclagem de nutrientes e regeneração e sucessão vegetal.

Cooperação com outros grupos de pesquisa:
Departamento de Zoologia da UFPR, Curitiba (Dr. Marinoni)
E-rede paranaense de coleções biológicas (taxonline@ufpr.br)
Departamento de Botânica da UFPR, Curitiba (Dr.Márcia Marques)
Museu de História Natural Capão da Imbuia
Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP, Dr. Brandão)
Instituto Butantan São Paulo, Seção Artópodes Peçonhentos (Dr. Brescovit)
Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre